segunda-feira, 22 de agosto de 2011

No Canguru

Com um pouco de atraso, atendo a solicitação de uma visitante de relatar os meus dias no Canguru, na época em que eu estava lá com meu Heitor, isso em outubro de 2010 (IMIP).
Bom, os dias no Canguru foram um misto de medo e ansiedade, bem como de alegria por estar, enfim, coladinha com o meu nenem, dia e noite. No entanto, dias muuuuuuito cansativos!
Medo do desconhecido, medo do que poderia vir a acontecer, principalmente porque o meu nenem passou por várias intercorrências na UTI neonatal.
Ansiedade em ir para casa, em receber, enfim e de uma vez por todas, alta hospitalar.
Os dias no Canguru foram cansativos e, embora estivesse cercada por médicos, enfermeiros e outras colegas/mães de quarto, foram solitários, porque a gente não pode ter ninguém de nossa família ao nosso lado, senão nos momentos de visita, os quais são das 8h às 22h.
O dia começava com a enfermeira nos acordando para fazermos a ordenha e darmos o leite para o nosso nenem, ou, caso não tivéssemos leite no peito (que era o meu caso, infelizmente e isso me deixou muito triste e frustrada - por vezes eu chorei), organizarmos as sondas para darmos o leite para nosso nenem via "translactação", que consiste em colocarmos a pontinha da sonda ao lado do bico de nosso seio, enquanto a outra ponta fica adaptad na seringa com leite, e o nenem, ao sugar o nosso seio, suga a sonda como em um canudinho. Isso favorece o estímulo lácteo.
Bom, a enfermeira nos chamava por volta das 5h, 5h15, para trocarnos a fralda do nenem e para que às 6h ele comecasse a mamar.
Heitor levava, em média, 40 minutos nessa atividade.
Depois as enfermeiras pediam que ficássemos meia hora em pé para que o nenem arrotasse.
Quando tudo isso encerrava, nos organizávamos como necessário e tomávamos café, isso se o nenem não fizesse o famoso coco após a mamada, e levávamos o nenem para o solário, para o banho de sol.
Às 7h e pouco as médicas examinavam o nosso nenem, tamanho, toque abdominal, fisioterapia, fono etc. Depois, dávamos banho de gato neles (de gato porque a gente só podia passar algodãozinho molhado).
Quando dava 8h, mais ou menos, eu deitava para tentar dormir mais um pouco, porém, logo era a hora de levantar para organizar a amamentação novamente, às 9h.
Às 10h30 eu ia para a sala de estar, geralmente tinha alguma colega por lá recebendo visita, assistir TV. Ou, às vezes, havia alguém nesse horário para me visitar também.
Às 11h15 começávamos a nos organizar, de novo, para dar de mamar ao nenem, de meio-dia.
Às 13h e tanta íamos almoçar entre outras necessidades...
Eu tentava, em vão, tirar um cochilo à tarde.
Em vão porque eu sabia que não ia dar para dormir, uma vez que logo tinha que organizar a amamentação. Ou, quase sempre, estava minha mãe e meu pai para me visitar. Ou minha tia Diva.
Às 15h mamar, pôr pra arrotar.
Às 18h, mamar, pôr pra arrotar... Jantava e tomava banho para me organizar porque, à noite, era quando mais recebia visitas. Vinha o papai, vinha a cunhada...
Quando dava 20h, era a hora de pesar o nenem, saber se havia ganho peso ou se estava perdendo (quanto menos peso ganhasse, ou se perdesse ao invés de ganhar, maior o tempo que ficaríamos no Canguru, por isso eu vibrava a cada 10g que ele ganhava) - para quem mora no interior, os médicos dão alta ao nenem que estiver bem clinicamente e pesando 1.750kg. Mas para quem mora na Cidade, estando clinicamente estável, o nenem recebia alta com 1.650kg.
O meu nenem só recebeu alta com 2.500kg porque ele apresentou várias intercorrências e, mesmo estando no Canguru 5 dias, teve que retornar a UTI porque Cianosou (faltou oxigenação na circulação sanguínea).
Quando dava 21h era a hora da amamentação novamente.
Quando dava 22h, meu marido ia embora e eu caía apagada na cama (que, diga-se de passagem, era bem estreita para dividir com o nenem - o medo de cair por cima dele fazia-me dormir péssimo!
Quando dava 23h30 as enfermeiras chamavam para organizarmos a lactação. Troca fralda, mama, meia hora pra arrotar...
02h30 da manhã, acorda, organiza lácteo, troca fralda, mama, arrota...
E às 5h começava tuuuuuudo de novo...

Foram assim os meus dias no Canguru.
Cansativos, ansiosos, mas sempre com muita esperança e felicidade!






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